O Instituto Gnosis realiza Seminário de Gestão em Maricá para apresentar o desempenho das unidades, refletir sobre os desafios e pavimentar próximos passos para 2022.
Gerentes e trabalhadores das 24 unidades da Atenção Primária de Maricá se reuniram com a coordenação técnica do Instituto Gnosis e representantes da Secretaria Municipal de Saúde, nos dias 15, 16, 20 e 21/12, para o “1º Seminário de Gestão da APS - na direção de uma APS de qualidade em Maricá”. Realizado no bairro do Centro, o seminário consagrou um novo modelo de gestão da APS, proposto pelo Instituto Gnosis nos últimos dois anos, com resultados animadores de expansão e qualificação da oferta dos serviços de saúde para os moradores de Maricá.
O seminário foi concebido para reunir a rede de profissionais e trabalhadores para refletirem coletivamente e compartilharem experiências sobre como foi atravessar essa mudança no processo de trabalho, quais desafios foram enfrentados e quais tecnologias e estratégias surgiram como alternativas para superar obstáculos, principalmente no contexto da pandemia de COVID-19. O fio condutor do evento foi priorizar o olhar dos profissionais na apresentação de seus resultados. Ou seja, valorizar a vivência e a expertise de quem vive a realidade da ponta.
Nos quatro dias de imersão no seminário, médicos, enfermeiros, técnicos e agentes de saúde e demais trabalhadores trouxeram para a cena as angústias e as conquistas da rotina das unidades de saúde da família, em dois anos de implantação de um novo modelo de APS, em Maricá. Ao apresentarem seus indicadores, ficou evidente que a grande maioria está em uma curva de crescimento, porém com muito caminho a ser percorrido ainda para o cuidado integral em saúde da população.
Mesmo com números crescentes a cada trimestre, os trabalhadores expuseram a fragilidade em alguns indicadores como o pré-natal com seis consultas ou mais e a coleta do exame preventivo em mulheres de 25 a 64 anos. De acordo com os relatos, várias estratégias são adotadas para fortalecer estes indicadores, que vão desde a busca ativa, trabalhar com listas de gestantes e mulheres do território, realizar a primeira consulta já no momento da entrega do resultado positivo e ofertar o exame em livre demanda - ou seja, não precisa ter consulta agendada nem hora marcada para colher o exame.
Vacina sim!
A vacinação completa de crianças com até dois anos de idade foi outro desafio relatado pelos profissionais, gerentes e agentes de saúde. Apesar dos indicadores apresentarem uma evolução na cobertura vacinal em Maricá, muitos foram os desafios para o alcance da cobertura ideal.
Um dos problemas enfrentados é a corrida pelo melhor registro ou registro adequado no prontuário eletrônico dos dados referentes às doses aplicadas. Por outro lado, o crescimento populacional na cidade na última década junto a um problema de incompatibilidade tecnológica entre os sistemas de informação do município e do Ministério da Saúde, fez com que Maricá não recebesse a quantidade de doses necessárias para cumprir a imunização completa das crianças, embora todo o empenho seja dado para garantir a completude do calendário vacinal.
A Secretaria Municipal de Saúde não tem medido esforços, mantendo contato direto, inclusive por meio da ouvidoria do Ministério da Saúde, para que o município receba o quantitativo necessário para melhorar a imunização. A atualização da vacinação no prontuário eletrônico, a busca ativa e aproveitar qualquer ida das crianças na unidade para atualizar a caderneta de vacinação são algumas das estratégias adotadas para melhorar a cobertura vacinal.
A linha de frente contra a COVID-19
Nos últimos dois anos de implantação de um novo modelo de APS em Maricá, muitas metas foram pactuadas, muitas estratégias foram planejadas, pensando no cuidado integral à saúde da população. Entretanto, as equipes contextualizaram que muitas ideias previstas não avançaram tanto quanto o desejado, devido à chegada da pandemia de COVID-19.
Se em 2020 as unidades foram pegas de surpresa para atender a um grande volume de usuários com suspeita e com síndrome gripal, em 2021, os trabalhadores da saúde foram incansáveis montando polos de vacinação e transformando a rotina das unidades para vacinar o maior número possível de usuários.
Aqui vale destacar que os desdobramentos de quase dois anos de pandemia, com grande volume de atendimentos, somada irregularidade do Ministério da Saúde na entrega das vacinas, gerou um grande desgaste físico e emocional nos trabalhadores da saúde, inclusive com o adoecimento de muitos que contraíram COVID-19 no atendimento aos usuários.
Inovação na Gestão da APS
A primeira edição do seminário de gestão foi organizada pela equipe do Instituto Gnosis, que atua na Atenção Primária de Maricá desde 2020. Ao abrir o seminário, o coordenador técnico da APS de Maricá do Instituto Gnosis, Felipe Fernandes, explicou o objetivo do evento como uma oportunidade de apresentar os resultados a partir da ótica dos profissionais e não da gestão.
Além disso, Fernandes falou que a proposta não foi avaliar o indicador e o cumprimento da meta de forma fria e, sim, propor um momento de discussão dos processos de trabalho a partir de um outro modelo de gestão. Por isso, as colocações foram no sentido de construção coletiva, de crescimento, de debate sobre os desafios e de buscar oportunidades de melhorar.
"Todas as unidades mostraram uma evolução interessante nos indicadores. Estamos crescendo. Isso mostra que a gente pode sim caminhar de forma harmônica, coletiva, transversal e participativa para melhorar a Atenção Primária da nossa cidade”, destacou o coordenador técnico.
A coordenadora de Atenção Primária, Shirley Santos Linhares, também participou do seminário, representando a Secretaria Municipal de Saúde de Maricá. Ao interagir com as equipes, Shirley enalteceu o fato de todas as unidades alcançarem um aumento crescente dos indicadores ao
longo de 2021, mesmo com o impacto causado no processo de trabalho pela pandemia de COVID-19 e pela recente epidemia de gripe. Para ela: “isso mostra o quanto que a equipe está motivada e integrada ao novo modelo de trabalho na APS”, comentou.
Diante disso, ficou evidente o protagonismo que a APS em Marica vem alcançando, fruto da mudança do modelo de saúde que vem ganhando destaque em seus números, acompanhamentos e cuidados. A cidade está se tornando referência em saúde pública do Estado e o empenho daqui por diante é qualificar os processos e produção do cuidado na APS nos próximos anos. O seminário mostrou que Maricá está na direção certa no que se refere a uma saúde de qualidade e efetiva para sua população.
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